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Novos mísseis russos são capazes de chegar a Londres 5 minutos após atravessar fronteira, diz chefe da Otan

Equipes da Força Aérea francesa prepara um caça Rafale enviado ao leste da Europa diante de ameças da Rússia, em 13 de setembro de 2025. Forças Armadas da...

Novos mísseis russos são capazes de chegar a Londres 5 minutos após atravessar fronteira, diz chefe da Otan
Novos mísseis russos são capazes de chegar a Londres 5 minutos após atravessar fronteira, diz chefe da Otan (Foto: Reprodução)

Equipes da Força Aérea francesa prepara um caça Rafale enviado ao leste da Europa diante de ameças da Rússia, em 13 de setembro de 2025. Forças Armadas da França via Reuters Uma nova leva de mísseis que a Rússia se prepara para lançar preocupa particularmente a Europa. Isso porque os artefatos têm capacidade para alcançar cidades na ponta oeste do continente, caso de Londres, apenas alguns minutos após deixar o espaço aéreo russo em direção ao Ocidente, segundo o secretário-geral da Otan, Mark Rutte. Rutte fez o alerta na sexta-feira (12), durante o anúncio de um plano de urgência da Otan para reforçar regiões de fronteira da Europa contra a Rússia, após drones russos invadirem o espaço aéreo da Polônia no começo da semana (leia mais abaixo). O episódio fez a aliança militar enviar, de forma emergencial, mais tropas, tanques e caças a regiões de fronteira com a Rússia ao longo da semana. "Temos a impressão de que se vivemos em Madri ou Londres estamos mais seguros do que se estivéssemos em Tallin (na Estônia) ou Vilnius (na Lituânia). Mas isso não é verdade, porque os mísseis russos mais recentes, quando forem lançados, virão com cinco vezes a velocidade da luz e demorarão de 5 a 10 minutos a mais para atingir Madri ou Londres do que tardarão em chegar a Tallin ou Vilnius", disse o secretário geral. Rutte não especificou a quais tipos de mísseis se referia, mas a Rússia está se preparando para lançar os chamados Orenshiks — mísseis hipersônicos que atingem até dez vezes a velocidade do som e podem transportar ogivas nucleares. E, segundo o presidente russo, Vladimir Putin, têm capacidade de alcançar todo o continente europeu, dependendo de qual ponto do território russo for lançado. Rússia divulga imagens de novo míssil hipersônico atingindo território ucraniano No ano passado, após lançar um míssil Orenshik na Ucrânia de forma experimental na Ucrânia (veja vídeo acima), Putin disse que o artefato também pode conseguir driblar sistemas de defesa antimíssil. "Os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimísseis criados pelos americanos na Europa não interceptam esses mísseis", disse o líder russo na ocasião. Reforço das fronteiras A Otan anunciou planos para reforçar a defesa do flanco oriental da Europa nesta sexta-feira, dois dias após a Polônia abater drones que violaram seu espaço aéreo, na primeira ação conhecida do tipo por um membro da aliança ocidental durante a guerra da Rússia na Ucrânia. Varsóvia retratou as incursões de drones como uma tentativa da Rússia de testar as capacidades de resposta da Polônia e da Otan. E, nesta sexta-feira, a Polônia rejeitou a sugestão de Donald Trump de que as incursões poderiam ter sido resultado de um erro, em uma rara discordância do presidente dos EUA em relação a um dos aliados europeus mais próximos de Washington. O ministro das Relações Exteriores polonês disse à Reuters que o país espera que Washington tome medidas para mostrar solidariedade a Varsóvia. Mais tarde, nesta sexta-feira, os EUA se juntaram aos aliados ocidentais em uma declaração para expressar preocupação com a incursão dos drones e acusar Moscou de violar a lei internacional e a Carta da ONU. A declaração foi lida pelo Secretário de Estado da Polônia, Marcin Bosacki, antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a questão dos drones. A Rússia disse que suas forças estavam atacando a Ucrânia no momento das incursões dos drones e que não tinha a intenção de atingir alvos na Polônia. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, chamou as incursões de "imprudentes e inaceitáveis". "Não podemos ter drones russos entrando no espaço aéreo dos aliados", disse ele em uma coletiva de imprensa anunciando a operação "Sentinela Oriental".   A missão, que começa nesta sexta-feira à noite, envolverá uma série de recursos que integram bases aéreas e terrestres, entre os aliados que se comprometeram, incluindo Dinamarca, França, Reino Unido e Alemanha. Outros devem se juntar a ela, disse Rutte. O principal oficial militar da Otan, o Comandante Supremo Aliado na Europa, Alexus Grynkewich, um general da Força Aérea dos EUA, disse que a aliança vai defender cada centímetro de seu território. "A Polônia e os cidadãos de toda a aliança devem estar seguros de nossa resposta rápida no início da semana e de nosso anúncio significativo aqui hoje", disse Grynkewich na mesma coletiva de imprensa na sede da Otan em Bruxelas. Grynkewich disse que a Sentinela Oriental foi projetada como uma operação flexível para reforçar as defesas ao longo de todo o flanco oriental da Otan, que se estende dos estados bálticos, ao norte, até a Romênia e a Bulgária, ao sul. A Otan já tem forças substanciais no leste da Europa, com milhares de soldados. Não foi especificado quantas tropas adicionais estariam envolvidas na nova operação. O anúncio detalhou um contingente modesto de recursos militares adicionais -- dois caças F-16 e uma fragata da Dinamarca, três caças Rafale da França e quatro caças Eurofighter da Alemanha. O Reino Unido disse que vai fazer sua parte e detalhar sua contribuição em breve. Em resposta ao comentário de Trump na quinta-feira de que a incursão poderia ter sido um acidente, o primeiro-ministro polonês Donald Tusk respondeu no X: "Também gostaríamos que o ataque de drones à Polônia fosse um erro. Mas não foi. E nós sabemos disso." Trump disse em uma entrevista à Fox News nesta sexta-feira que sua paciência com o presidente russo Vladimir Putin estava "meio que se esgotando e se esgotando rapidamente", mas não chegou a ameaçar novas sanções por causa da guerra. (Reportagem adicional de Pawel Florkiewicz e Anna Koper em Varsóvia, Anastasiia Malenko em Kiev, John Irish e Michel Rose em Paris, Andrea Shalal em Washington, William James e Mark Trevelyan em Londres)