Sobreviventes de 1º ataque dos EUA no Caribe estavam desarmados e passaram uma hora tentando se salvar antes de serem mortos, diz agência
EUA anunciam ataque aéreo nas águas do Caribe Um vídeo do primeiro ataque realizado pelo governo Trump no Caribe e exibido a parlamentares dos Estados Unidos...
EUA anunciam ataque aéreo nas águas do Caribe Um vídeo do primeiro ataque realizado pelo governo Trump no Caribe e exibido a parlamentares dos Estados Unidos nesta quinta-feira (4) mostra que dois homens sobreviveram ao primeiro bombardeio realizado, estavam desarmados e passaram uma hora tentando se salvar antes de serem mortos, segundo a agência de notícias Reuters. Duas fontes que tiveram acesso às imagens, exibidas a portas fechadas no Capitólio americano, contaram que elas mostram a fumaça se dissipando e dois homens, que de alguma forma sobreviveram à explosão, agarrados à proa da embarcação. Eles estavam sem camisa, desarmados e não carregavam nenhum equipamento de comunicação visível. Também pareciam não ter ideia do que acabara de acontecer, ou que os militares dos EUA estavam considerando se deveriam finalizá-los, ainda de acordo com as fontes ouvidas. O almirante Frank Bradley, que chefiava o Comando Conjunto de Operações Especiais na época, teria concluído, então, que os destroços provavelmente estavam sendo mantidos à tona porque continham cocaína e, por isso, decidiu que precisaria atacar a embarcação novamente. O vídeo termina exibindo três munições adicionais sendo disparadas contra a embarcação danificada, disseram as fontes. "O vídeo os acompanha por cerca de uma hora enquanto tentam virar o barco de volta. Eles não conseguiram. Dava para ver os rostos, os corpos... Aí, bum, bum, bum", afirma uma delas. O ataque em questão ocorreu no dia 2 de setembro. Ele foi o primeiro de 22 ataques a navios de narcotráfico realizados pelas forças armadas dos EUA como parte da campanha do governo Trump para conter o fluxo de drogas ilegais para os Estados Unidos. Eles já deixaram 87 mortos. Imagem mostra ataque dos EUA contra barco no Caribe Governo dos EUA De acordo com a Reuters, as reações dos parlamentares que assistiram as imagens dividiram-se por linhas partidárias: os democratas expressaram consternação, enquanto os republicanos defenderam a greve como legal. O senador Tom Cotton, do Arkansas, presidente republicano do Comitê de Inteligência do Senado, disse que Bradley e Hegseth fizeram exatamente o que se esperava deles: "Vi dois sobreviventes tentando virar um barco carregado de drogas com destino aos Estados Unidos para que pudessem continuar lutando". Já o o deputado Jim Himes, de Connecticut, principal democrata na Comissão de Inteligência da Câmara, disse a repórteres após a reunião que aquela era "uma das coisas mais preocupantes" que já tinha visto. O senador Jack Reed, de Rhode Island, principal democrata na Comissão de Serviços Armados do Senado, seguiu a linha do colega de partido e disse estar "profundamente perturbado" com o vídeo e afirmou que ele deveria ser divulgado ao público. O Manual de Direito da Guerra do Departamento de Defesa dos EUA proíbe ataques contra combatentes incapacitados, inconscientes ou náufragos, desde que se abstenham de hostilidades e não tentem escapar. O manual cita o disparo contra sobreviventes de naufrágios como um exemplo de ordem "claramente ilegal" que deve ser recusada. Desde o começo dos bombardeios a embarcações no Caribe, a legitimidade dos ataques vem sendo questionada pela comunidade internacional. No fim de outubro, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, os classificou como "execuções extrajudiciais". A investigação dos parlamentares sobre o ataque ocorre uma semana depois que o jornal americano "The Washington Post" publicou uma reportagem revelando o assassinato dos sobreviventes. Secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, e montagem de tartaruga Franklin bombardeando barcos. Pool via Reuters e reprodução/redes sociais Acusado de "crime de guerra" na matéria, no domingo (30), o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, postou uma montagem com um desenho infantil para zombar das acusações contra ele. (veja acima) Esta semana, ao ser questionada sobre o ataque, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou o segundo bombardeio e atribuiu-o a razões de legítima defesa. Isentou Hegseth de responsabilidade e afirmou que a decisão partiu do chefe do Comando de Operações Especiais, Frank M. Bradley, mas ressaltou que o almirante agiu dentro de sua autoridade.