Trump comemora suspensão do programa de Jimmy Kimmel: 'Grande notícia'
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e apresentador Jimmy Kimmel. REUTERS/Evelyn Hockstein/AP Photo/Chris Pizzello O presidente dos Estados Unidos, Dona...

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e apresentador Jimmy Kimmel. REUTERS/Evelyn Hockstein/AP Photo/Chris Pizzello O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comemorou a suspensão do programa de Jimmy Kimmel, anunciada pela emissora americana "ABC", e disse que o apresentador não tem talento. "Grande notícia para os Estados Unidos: o programa com problemas de audiência de Jimmy Kimmel foi CANCELADO. Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que precisava ser feito. Kimmel não tem TALENTO NENHUM e tem índices de audiência piores até que os de [Stephen] Colbert — se é que isso é possível", afirmou Trump em publicação em sua rede social Truth Social na noite de quarta-feira (18). ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A ABC afirmou na quarta que iria tirar do ar por tempo indeterminado o programa “Jimmy Kimmel Live!”, talk-show de grande audiência nos EUA e que estava no ar há mais de 20 anos, após o apresentador ter feito comentários sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk. (Leia mais abaixo) Trump pediu ainda a suspensão dos programas de Jimmy Fallon e de Seth Meyers, que apresentam na emissora "NBC" talk-shows similares ao de Kimmel. A suspensão ocorreu por conta de Kimmel ter sugerido, em monólogo na segunda-feira, que o acusado pelo assassinato de Kirk, Tyler Robinson, seria um republicano pró-Trump. “A turma do MAGA está desesperada para caracterizar esse garoto que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e fazendo de tudo para tirar proveito político disso”, disse, segundo a imprensa americana. “Entre uma acusação e outra, também houve luto.” Andrew Alford, presidente da divisão de transmissão da Nexstar, responsável pela exibição do programa em afiliadas da ABC, classificou os comentários do apresentador como “ofensivos e insensíveis em um momento crítico do debate político nacional”. O cancelamento do programa de Jimmy Kimmel também repercutiu entre artistas americanos, que se revoltaram com a decisão. Ben Stiller, Wanda Sykes, John Legend e mais celebridades se manifestaram sobre o caso. Jimmy Kimmel é muito popular nos Estados Unidos. Ele é um dos principais nomes da TV norte-americana e tem uma trajetória marcada pelo humor ácido e pela versatilidade. Seu programa, “Jimmy Kimmel Live!”, estava regularmente no ar há mais de 20 anos. Na atração, Kimmel faz piadas sobre acontecimentos semanais dos Estados Unidos e do mundo, além de entrevistar artistas reconhecidos globalmente. Em janeiro, a atriz Fernanda Torres esteve no programa para promover o filme “Ainda Estou Aqui”. LEIA TAMBÉM: DIVISÃO POLÍTICA: Obama adverte sobre 'crise política sem precedentes' nos EUA após assassinato de Charlie Kirk REPERCUSSÃO: Cancelamento de Jimmy Kimmel revolta artistas nos EUA CONHEÇA: Quem é Jimmy Kimmel, apresentador de programa suspenso após fala sobre morte de Charlie Kirk Atentado VÍDEO mostra momento em que Charlie Kirk é baleado durante evento em universidade nos EUA A aparição de Kirk na universidade de Utah era a primeira de uma turnê que passaria por 15 instituições de ensino americanas. Antes de ser baleado, Kirk estava sentado no que ele chama de mesa “Me prove que estou errado” para responder às perguntas da plateia. Uma gravação registrou o exato momento em que Kirk foi baleado. Nas imagens, Kirk aparece sentado em uma tenda, discursando para uma grande multidão ao ar livre, quando um barulho de tiro é ouvido. O ativista, então, tombou da cadeira. Ao perceber o ocorrido, várias pessoas correram. Veja acima. Segundo a universidade, Kirk foi levado ao hospital por seguranças particulares e passou por uma cirurgia. Cerca de uma hora depois, Trump confirmou a morte do ativista em uma rede social. A presença de Kirk na universidade dividiu opiniões. Uma petição online reuniu quase 1.000 assinaturas para que ele não fosse à instituição. Apesar disso, a universidade manteve o evento, citando a Primeira Emenda e seu "compromisso com a liberdade de expressão, a investigação intelectual e o diálogo construtivo". Embora o motivo do ataque seja desconhecido, os EUA atravessam o período mais prolongado de violência política desde a década de 1970, segundo a Reuters. A agência documentou mais de 300 casos de atos violentos motivados politicamente desde que apoiadores de Trump atacaram o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Acusado detido Tyler Robinson, suspeito de matar o ativista e apoiador de Trump, Charlie Kirk Governo de Utah via AP Na terça-feira (16), a Promotoria de Utah anunciou que acusou Tyler Robinson de uma série de crimes e que pediria à Justiça que ele fosse condenado à pena de morte. Horas depois, o acusado participou de sua primeira audiência judicial, realizada de forma virtual. Ele apareceu sentado diante de uma parede branca, vestindo um colete verde. Robinson apenas disse o próprio nome e se manteve em silêncio. Um documento divulgado pelas autoridades revelou que ele trocou mensagens com a namorada, de quem também era colega de quarto, logo após o crime. Segundo a Promotoria, Robinson mantinha um relacionamento amoroso com a colega de quarto, uma mulher transgênero. Segundo os investigadores, Robinson enviou uma mensagem pedindo para que ela buscasse por um bilhete deixado sob um teclado. No papel, estava escrito: “Tenho a oportunidade de eliminar Charlie Kirk e vou aproveitá-la.” Em seguida, eles começaram a trocar mensagens. Leia a seguir os trechos da conversa divulgados: Namorada: O quê????????????????? Você tá brincando, né???? Tyler Robinson: Ainda estou bem, meu amor, mas estou preso em Orem por mais um tempo. Não deve demorar até eu poder voltar para casa, mas preciso pegar meu fuzil primeiro. Para ser honesto, eu esperava guardar esse segredo até morrer de velhice. Desculpa por te envolver nisso. Namorada: Não foi você quem fez isso, né???? Tyler Robinson: Fui eu, desculpa. Namorada: Achei que tinham prendido a pessoa? Tyler Robinson: Não, eles pegaram um cara velho maluco, depois interrogaram alguém com uma roupa parecida. Eu tinha planejado pegar meu fuzil no local onde eu o joguei, mas a maior parte daquele lado da cidade foi colocada em lockdown. Tá quieto, quase dá para sair, mas ainda tem um veículo circulando. Namorada: Por quê? Tyler Robinson: Por que fiz isso? Namorada: É. Tyler Robinson: Eu já não aguentava mais o ódio dele. Tem ódio que não dá para negociar. Se eu conseguir pegar meu fuzil sem ser visto, não vou deixar nenhuma evidência. Vou tentar recuperar de novo, com sorte eles já seguiram em frente. Não vi nenhuma informação dizendo que eles o encontraram. Quem foi Charlie Kirk? Charlie Kirk em conferência de Maryland, nos EUA, em 2019 Kevin Lamarque/Reuters Kirk era fundador do grupo estudantil conservador Turning Point USA e teve papel central na mobilização do apoio jovem a Trump nas campanhas presidenciais de 2016 e 2024. Seus eventos em universidades de todo o país costumavam atrair grandes multidões. O Turning Point USA é uma organização sem fins lucrativos presente em mais de 3.500 escolas e universidades nos 50 estados americanos. Em seus discursos, Kirk se apresentava como defensor de valores cristãos, do livre mercado e alinhado ao movimento Make America Great Again (MAGA). Ele também era defensor de armas, duvidava do aquecimento global e era crítico da esquerda. Kirk começou a se interessar pelo conservadorismo ainda no ensino médio, quando descobriu Rush Limbaugh, considerado uma das principais vozes conservadoras do rádio. Aos 18 anos, após ser rejeitado pela Academia Militar de West Point, ele decidiu não cursar a universidade e fundou a Turning Point. Em 2016, a Turning Point decidiu apoiar a candidatura de Donald Trump. Na época, Kirk passou a atuar como assessor pessoal de Donald Trump Jr., filho do atual presidente, integrando assim o círculo próximo da família Trump. Após a vitória republicana nas eleições de 2016, Kirk se tornou presença constante na Casa Branca e ganhou destaque na mídia, envolvendo-se também em polêmicas. Durante a pandemia, o perfil dele no antigo Twitter foi suspenso por divulgar informações falsas sobre a Covid-19. Em 2020, Kirk questionou o resultado das eleições que deram a vitória a Joe Biden sobre Trump. Enquanto isso, em universidades e escolas, o ativista influenciava pais e estudantes a denunciarem professores que, segundo ele, promoviam o "marxismo" e a "ideologia de gênero". Além do ativismo, Kirk era autor de livros como "Campus Battlefield" ("Campo de batalha no campus", em tradução livre), "The MAGA Doctrine" ("A doutrina MAGA") e "The College Scam: How America’s Universities Are Bankrupting and Brainwashing Away The Future Of America’s Youth" ("A enganação da faculdade: como as universidades dos EUA estão falindo e doutrinando o futuro da juventude"). Ele também apresentava o programa de rádio The Charlie Kirk Show, transmitido nacionalmente, e mantinha um podcast de grande audiência. O público combinado de suas redes sociais ultrapassava 14 milhões de seguidores.